O setor de geração distribuída (GD) está experimentando um aumento de interesse, impulsionado por uma queda significativa no preço dos painéis solares. Em junho de 2023, o preço do polissilício, matéria-prima fundamental para a produção de painéis solares, caiu impressionantes 58%. Esta queda no preço está energizando o mercado de geração distribuída, proporcionando uma oportunidade de crescimento e expandindo o acesso à energia renovável.
No primeiro semestre de 2023, as instalações de geração distribuída no Brasil ultrapassaram 22 GW e estão projetadas para atingir cerca de 26 GW até o final do ano, de acordo com a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD). Este rápido crescimento deve-se em grande parte à queda dos preços dos sistemas fotovoltaicos (PV) e ao aumento do interesse na autoprodução de eletricidade.
De 2016 a 2022, os sistemas fotovoltaicos residenciais experimentaram uma redução de preço de 44%, com a tendência a continuar. O preço do polissilício caiu de $30.80/kg em fevereiro de 2023 para $12.62/kg no início de junho de 2023.
Vários fatores estão contribuindo para esta queda nos preços. Uma causa primária é o excesso de oferta, particularmente da China, que representa 80% da produção mundial de painéis solares. O aumento da capacidade de produção e os níveis de estoque na China têm ajudado a baixar os preços.
Além disso, avanços tecnológicos estão contribuindo para a diminuição dos custos dos painéis solares. Um desses desenvolvimentos é a experimentação com um mineral chamado perovskita, um supercondutor mais barato que o silício, que atualmente está sendo testado pela indústria.
Esta queda de preço não beneficia apenas o setor energético, mas também tem um impacto profundo nas comunidades rurais. Entre 2021 e 2022, as instalações solares rurais no Brasil cresceram 63%. Somente em 2022, mais de 70.000 sistemas de energia solar foram instalados em áreas rurais, um aumento de cerca de 43.000 no ano anterior.
A adoção de energia solar nessas regiões pode levar a economias substanciais de custos. Por exemplo, um agricultor de São José do Belmonte, no sertão de Pernambuco, viu sua conta de energia mensal cair de entre R$500-800 para apenas R$10 depois de mudar para um sistema de geração distribuída fotovoltaica. Esta mudança para a energia solar tem o potencial de aumentar as margens de lucro da produção agrícola, reduzindo significativamente os custos de energia.
O futuro da geração distribuída, particularmente a energia solar, parece ser brilhante. Com avanços tecnológicos contínuos, custos decrescentes e um maior acesso ao financiamento,a energia solar está se tornando cada vez mais acessível para diferentes segmentos da população. Com a tendência de queda contínua nos custos dos sistemas, a energia solar tem o potencial de se tornar tão difundida quanto os celulares foram há alguns anos.
Em suma, a queda no preço dos painéis solares está impulsionando um crescimento significativo no setor de geração distribuída. Com a continuação desta tendência, podemos esperar ver um aumento na adoção de fontes de energia sustentáveis e renováveis.